Explorando a Complexidade dos Personagens Cinzas

Na vastidão da literatura, encontramos personagens que transcendem as fronteiras do bem e do mal, desafiando as convenções tradicionais dos arquétipos herói-vilão. Esses personagens, conhecidos como “cinzas”, são tão complexos quanto fascinantes, habitando uma zona moral ambígua que os torna extraordinariamente cativantes para os leitores.

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1. A Ambiguidade Moral dos Personagens Cinzas

Ao contrário dos personagens unidimensionais, os personagens cinzas são multifacetados e desafiam as definições convencionais de moralidade. Eles são retratados de forma a apresentar tanto virtudes quanto falhas, levando o leitor a questionar suas próprias ideias sobre o que é certo e errado.

Exemplo: Severus Snape em “Harry Potter”

Snape, inicialmente visto como antagonista na série de J.K. Rowling, revela camadas profundas de complexidade. Sua natureza ambígua e motivações obscuras desafiam a noção de um vilão unidimensional.

2. A Profundidade Psicológica dos Personagens Cinzas

A riqueza psicológica desses personagens os torna mais humanos e intrigantes. Suas motivações muitas vezes são nebulosas, exigindo que o leitor mergulhe fundo na psique do personagem para compreendê-las.

Exemplo: Raskólnikov em “Crime e Castigo”

O estudante universitário atormentado de Dostoiévski, Raskólnikov, é um exemplo clássico de personagem cinza. Sua luta interna e dilemas éticos após cometer um assassinato desafiam as noções convencionais de moralidade.

3. Reflexões sobre a Natureza Humana e Ética

Os personagens cinzas nos convidam a refletir sobre a complexidade da natureza humana e a relatividade ética. Eles nos confrontam com perguntas difíceis sobre moralidade e nos desafiam a reconsiderar nossos próprios julgamentos.

Citando Fiódor Dostoiévski:

“O homem é um ser que se acostuma com tudo.”

Esta citação de Dostoiévski destaca a capacidade do ser humano de se adaptar a circunstâncias extremas, um tema frequentemente explorado nos personagens cinzas.

Outro autor que gosta de brincar com seus personagens, dando-lhes camadas e camadas para poder passar veracidade aos seus leitores é George R. R. Martin, com todo o elenco de Game Of Thrones sendo trabalhado de forma magistral. Por exemplo, Jamie Lannister é um personagem complexo com uma história multifacetada. Inicialmente retratado como um vilão, ele evolui ao longo da série, revelando motivações mais profundas e um senso de honra e redenção.

OUTROS EXEMPLOS DE PERSONAGENS CINZA

Holden Caulfield  (“O Apanhador no Campo de Centeio” de J.D. Salinger): Holden é um adolescente complexo e controverso. Sua visão de mundo é marcada por um misto de cinismo e compaixão, e sua jornada revela uma luta interna entre a inocência perdida e a necessidade de preservar a pureza.

Jay Gatsby (“O Grande Gatsby” de F. Scott Fitzgerald): Gatsby é retratado como um homem rico e misterioso que busca reconquistar um amor do passado. Sua história revela camadas de idealismo romântico, porém, sua busca pelo sucesso é marcada por ações moralmente ambíguas.

Ebenezer Scrooge (“Um Conto de Natal” de Charles Dickens): Scrooge é inicialmente retratado como um homem avarento e insensível. No entanto, ao longo da história, ele passa por uma jornada emocional que revela suas profundezas emocionais e humanas, mostrando redenção e compaixão.

Tom Riddle / Lord Voldemort (Série “Harry Potter” de J.K. Rowling): Voldemort é um exemplo de personagem cinza que transita entre a busca pelo poder e a própria humanidade perdida. Sua história de fundo revela um passado complexo, com motivações obscuras e uma luta interna entre o bem e o mal.

Macbeth (“Macbeth” de William Shakespeare): O protagonista Macbeth é um exemplo clássico de personagem cinza. Inicialmente um herói corajoso, sua ambição o leva a cometer atos terríveis para manter e expandir seu poder, mostrando a complexidade dos impulsos humanos.

Heathcliff (“O Morro dos Ventos Uivantes” de Emily Brontë): Heathcliff é retratado como um personagem atormentado por suas experiências passadas. Ele oscila entre momentos de crueldade e amor genuíno, desafiando definições simples de bondade e maldade.

Tyler Durden (“Clube da Luta” de Chuck Palahniuk): Tyler representa uma dualidade intrigante. Ele é carismático, rebelde e desafiador, questionando as convenções sociais. Sua personalidade ambígua desafia a percepção do que é moralmente aceitável.

Holly Golightly (“Bonequinha de Luxo” de Truman Capote): Holly é uma figura enigmática que oscila entre a inocência e a astúcia. Sua busca por uma vida glamorosa esconde uma vulnerabilidade e complexidade que desafiam as expectativas.

Aomame (“1Q84” de Haruki Murakami): Aomame é uma personagem complexa que se vê envolvida em um mundo alternativo. Sua determinação e suas ações muitas vezes questionáveis revelam camadas de moralidade e propósito.

Holden Ford (“Mindhunter” de John E. Douglas e Mark Olshaker): Baseado em um agente do FBI real, Holden Ford é um personagem que explora os limites éticos em sua busca por compreender a mente dos serial killers. Sua jornada revela um mergulho nas nuances da moralidade e da psiquê humana.

Esses e muitos outros exemplificam a natureza multifacetada dos personagens cinzas na literatura, oferecendo camadas de profundidade psicológica e moral que desafiam as noções convencionais de heróis e vilões.

Conclusão

Os personagens cinzas na literatura são fundamentais para criar histórias profundas e instigantes. Eles nos forçam a enxergar além das simplificações da moralidade, abrindo um diálogo sobre a complexidade da condição humana. Ao desafiar nossas noções preconcebidas de bem e mal, esses personagens nos convidam a explorar a profundidade da psique humana e a relatividade da ética.

Na Editora Crescente, buscamos e celebramos obras que apresentam este tipo de personagem, pois reconhecemos o valor intrínseco de desafiar os limites da narrativa convencional e estimular reflexões mais profundas sobre a humanidade.

Você já conhecia os Personagens Cinzas? Comenta aí sobre os personagens, como você os cria?

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Vamos falar sobre Tempo Verbal

Na verdade existem algumas regras para a alteração de tempo verbal em uma narrativa.
Um texto em prosa tradicional é sempre escrito no Pretérito Perfeito, ou seja:

“Letícia fez um bolo e levou para a casa da irmã”

Pois é uma história, tempo passado, já aconteceu.

Quando colocamos uma ação adjacente no meio, mudamos essa ação para o Pretérito Mais-Que-Perfeito, como uma conclusão, um fato que aconteceu antes da ação principal. Logo:

“Letícia fez um bolo e levou para a casa da irmã, pois lembrara-se que era seu aniversário.”
O que muito tem acontecido é que algumas histórias vêm sendo narradas no presente do indicativo:

“Letícia faz um bolo e leva para a irmã”.

Esse tipo de narrativa é bastante difícil de se sustentar, uma vez que temos a prática de contar histórias no passado; isso nos deixa suscetíveis a alterar os verbos sem perceber, então é preciso ter muita atenção a isso, principalmente quando se insere lembranças no meio de uma ação no presente. É mais comum o uso dos verbos no presente em textos jornalísticos do que em prosas narrativas convencionais.
Mas o problema real acontece quando misturamos dois tempos verbais diferentes em momentos que não se cabem:

“Letícia fez um bolo e leva para a casa da irmã.”

São dois tempos diferentes; Pretérito Perfeito (fez o bolo) e Presente do Indicativo (leva para a irmã). Por mais que isso faça sentido na cabeça do autor, pois ela executou uma ação anteriormente e nesse momento está executando outra, não é correto. Quando começar com um tempo verbal, mantenha-se fiel a ele até o fim.

Férias de Julho

 

As férias escolares começaram… Serão, de 15 a 30 dias com as crianças e os adolescentes em c

asa e nós precisamos dar um jeito de entretê-los para que não enlouqueçamos. Muitos lugares dizem que é seguro ir às ruas, assim como as escolas já voltaram com as aulas presenciais, e apesar de a nossa equipe ter comparecido à Bienal para trabalharmos o Networking, ainda achamos que o melhor é permanecer em segurança, dentro de suas próprias casas, e é por isso que eu elaborei algumas atividades para serem feitas com ascrianças no conforto de casa, que são divertidas e educativas.

 

CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS

Use roupas diferentes, não precisa caprichar no visual, mas a atuação tem que ser impecável. Escolha uma história da estante, de preferência um Conto de Fadas. Faça vozes, exagere na performance, faça todo mundo se apaixonar.

 

TEATRO

Quase a mesma coisa que o tópico anterior, mas dessa vez vai envolver todo mundo, adultos e crianças. Criar uma história totalmente fantástica incentiva o envolvimento literário com as crianças. Se as crianças forem muito pequenas, dá pra emendar um Teatro de Fantoches.

 

CAÇA AO TESOURO

Esconda um livro novo em algum lugar da casa e espalhe pistas para o seu filho encontrar. Vocês vão se divertir e estará incentivando a boa leitura.

 

CLUBE DO LIVRO

Escolham  um livro que agrade a todos, definam as metas e, depois de lerem o combinado, sentem-se na sala com alguns bolinhos e suco de laranja para discutir sobre o que leram. Indicar livros depois também é muito válido.

 

SESSÃO DE CINEMA

Com muita pipoca, suco e docinhos, vocês podem fazer uma espécie de Festa do Pijama, erguer uma barraca de lençol na frente da TV e ver séries e filmes que foram inspirados em livros.

COZINHA LITERÁRIA

De todos os livros que você já leu, com certeza algum prato ou receita já foi mencionado e te deixou com água na boca. Vocês podem escolher algumas dessas e invadir a cozinha.

GINCANA

Invente várias brincadeiras curtas, como corrida de três pernas, corrida de saco, encontrar o objeto dentro da farinha, corrida de obstáculos, passar a bola, dança das cadeiras, etc. e depois divida a família em dois times. Quem fizer mais pontos ganha. O prêmio? Um livro novinho.

 

Tem tantas outras coisas que podem ser feitas dentro de casa durante as férias que eu passaria horas escrevendo. Se gostaram das dicas, me falem. Eu pesquiso mais para as próximas férias.